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Monday, May 30, 2005

Escassez de água na China

Escassez de água ameaça população e indústria na China
The Economist

Quando era vice-premiê, em 1999, Wen Jiabao advertiu que "aprópria sobrevivência da nação chinesa" estava ameaçada pelacrescente escassez de água. Desde então, Wen tornou-se primeiro-ministro e ganhou robustos aplausos no Parlamento chinês ao prometer "água limpa para o povo". Para isso, seu governo diz que vai gastar US$ 240 milhões extras neste ano.Mas isso é apenas uma gota no oceano. A China nunca foiespecialmente abençoada com água, mas nos últimos anos vem vendo seus suprimentos caírem perigosamente para níveis muito baixos, enquanto enfrenta secas, aumento da demanda e os efeitos combinados de décadas de poluição e de políticas malfeitas. As altas autoridades dopaís e agências internacionais estão igualmente desanimadas.

Um de cada três moradores da China não tem acesso a águapotável. Mais de cem grandes cidades, das quais a metade são classificadas como "sob séria ameaça", estão com pouca água. As medidas dos reservatórios vêm caindo um metro ou mais por ano em grande parte do norte da China. Mesmo em Pequim, o suprimento per capita está hoje numa baixa perigosa de 300 metros cúbicos por ano.A vazão reduzida dos grandes rios da China fez com que as usinas hidrelétricas reduzissem seriamente a tão necessária produção de energia: muitas fundições, fábricas de celulose e petroquímicas não estão certas de conseguirem a grande quantidade de água que precisam.

Secas, historicamente mais comuns no norte do país, estão agora atingindo o sul também. Neste ano, a Província de Guangdong,com 110 milhões de habitantes, teve uma diminuição pluviométrica de40%.Políticas malfeitas de composição de preços acabaram piorando ainda mais as coisas. Até 1985, a maior parte dos consumidores não pagava nada. Por isso, fazia pouco sentido para as empresas fazer investimentos em tratamento e em renovação da tecnologia. E os agricultores não tinham incentivo para evitar o desperdício nas áreas de irrigação. O preço do abastecimento de água subiu muito devagar nos últimos 20 anos e ainda está entre os mais baixos do mundo.A maior parte da água chinesa é comprada por um preço de cerca de 40% abaixo do custo. Mesmo na ressecada Pequim, as autoridades municipais hesitam em levar adiante aumentos até mesmo para o ponto em que os preços cobririam apenas os custos, algo em torno de seis yuans(US$ 0,72) o metro cúbico. Em todo o país os preços sãoestabelecidos, por uma confusão de burocracias, central e local, para modos diferentes de uso.

John McAlister, diretor da AquaBioTronic.com, uma empresa de reciclagem de água, afirma que a China está cometendo "um suicídio ecológico" com suas atuais políticas e que ela deveria colocar o preço do metro cúbico de água em algo de 20 a 40 yuans. Elediz que os estrangeiros deveriam ser os primeiros a defender esse tipo de aumento de preços, caso esperem continuar se beneficiando do boom econômico chinês.McAlister tem tido tanta dificuldade em convencer as empresas estrangeiras da urgência da crise hídrica chinesa quanto emconvencer as empresas chinesas em investir em sua tecnologia.